sexta-feira, 24 de abril de 2009

É carnaval... É rock’n roll¹

Para quem não encarou ver desfile das escolas de samba na televisão, ou pular carnaval com marchinhas, axé e funk, o Grito Rock, organizado pela Fósforo Cultural - e já em sua terceira edição -, foi a opção dos goianienses rock’n roll. O som rolou no bom e velho Matim Cererê.
O grito começou ainda sob a luz do sol, às cinco da tarde, com bastante calor. Além das bandas tocando no teatro, os presentes também contaram com som eletrônico na tenda Medusa, onde tocaram dez DJ’s no total, que revezaram até o fim da festa. Destaque para quem fez a galera levantar e dançar ficou para Rodrigo Feoli, Rafael Oops (DF) e para a mineira Misimpatia.
Simultaneamente as bandas ocuparam o palco do teatro Yguá, e a primeira a tocar foi Zicados (GO). Os meninos mostraram um punk bem juvenil e divertido, com influência cinquestista. A galera mais nova curtiu bastante. Logo depois, as cinco meninas da Girlie Hell fizeram um som despretensioso com um toque de pop. Elas tocaram um rock mais clássico e compassado, deixando à vista também certa influência punk. Já Postfive puxou para o hardcore e metal, numa junção dos estilos que agradou os espectadores mais jovens. Fizeram um show animado, mas a bateria não ajudou muito, faltou um pouco mais de ensaio.
Quando o sol se escondeu entrou Madame Butterfly e o Burlesco, que deu um tom mais maduro de público. A proposta da banda é uma mistura de rock e eletro, com uma levada teatral. As letras, irônicas e bem humoradas, vão da crítica de hábitos contemporâneos ao sinuoso jogo do amor. Em seguida subiu ao palco Cine Capri. Depois de mais de um ano parada a banda voltou com nova formação, mantendo apenas a vocalista Geórgia. O show foi pré-lançamento do primeiro álbum da banda, Pipoca, e foi comportado. Apresentaram músicas leves, com boa pegada oitentista, e um rock harmonioso, quase de família.
Mas o clima família não durou nada. Johnny Suxxx & The Fucking Boys fez um show misto de trash e glam, como de costume. O som, pesado e quente, soou irritadiço, e caiu nas graças de quem esperava algo mais malvado. Ponto alto para a performance do vocalista João Lucas, da guitarra agitada e da bateria bem acentuada. O Garfo, banda cearense, foi a próxima. Com a fórmula mínima: baixo, bateria e uma guitarra, eles mostraram aos goianos o som que sabem fazer. Sem vocal, o som da banda é orgânico, mescla pop dançante e rock’n rol em um trabalho que explora muito do que seus instrumentos oferecem. O show foi animado, um dos melhores que já fizeram, segundo o baixista Felipe Gorgel.
Nuda, de Pernambuco, seguiu a linha nordestina de fazer música. O som, que tem forte influência da cultura pernambucana, é intenso e melodioso, e condiz com as letras de autoria do baterista Scalia, que se reporta ao regionalismo que a banda cultiva. Tocaram uma versão bem feroz de Ode aos Ratos, música de Edu Lobo e Chico Buarque, surpreendendo quem assistiu a apresentação. Depois de Nuda, foi a vez de o rap marcar presença. MC Dyskretto, ajudado por Gigante e Erick Flow Men, empolgou quem gosta do som, e enquanto o restante do pessoal dançava Michael Jackson na tenda, quem ficou no teatro sentiu energia que os rapazes têm.
O som pesou de novo quando The Melt (MT) fez a sua parte do festival, tocaram quatro músicas bem intensas, e encerraram com uma performance medonha e infernal do mítico From Hell. Para encerrar, o eletro irreverente de Madame Mim. É a segunda vez que a artista vem à Goiânia. No show ela subiu nas caixas de som, fez toda sorte de acrobacias, e seu humor fez a galera pular do começo ao fim, numa apresentação meio dança meio música.
Além de tudo isso, deu também para comprar alguns penduricalhos. As grifes Fabulosas Desordens, Joe Lucky, Bode Camisetas e Pin Up colocaram camisetas criativas e uma infinidade de acessórios a venda durante o festival. A atenção precisou ser reforçada para ver tudo o que rolou no Grito Rock desse ano, e o carnaval mais rock’n roll da cidade foi marcado pelo tom plural que a música consegue transmitir.
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¹Texto criado em uma segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009 17:30:00, a convite do João Lucas, para o site Fora do Eixo. Foi bom cobrir o festival e depois fazer o texto. Quero trabalhar com jornalismo até que um de nós morra; ou eu, ou o ofício.

Um comentário:

Thiago Augusto" disse...

altamente coluna de jornal :D
aliás, você é jornalista né?