domingo, 7 de setembro de 2008

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Desculpe.

Aos poucos que visitam esta pagininha, me perdõem pela falta de palavras, de texto, de criatividade, de vontade, de qualquer coisa que estaja faltando enfim.

Engraçado como andam tão chatas as coisas ultimamente.
Ai que aflição, e tédio, e agonia, e desespero, e calor, e dor, e raiva. Cruzes. Credos.

Vou comer um chocolate ali.

Voltarei a escrever com mais afinco, quando achar esse cara aí, esse tal de Afinco.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Pulmão sujo, costas curvadas, olho fundos, cabelo sem corte, garganta arranhada, coração vazio.
"Amo muito tudo isso". "Sempre Coca-Cola".

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Com açucar, com afeto...

Estavam os dois, ele e ela, deitados na grama. Estirados, preguiçosos e sensívelmente satisfeitos, na sombra larga e comprida que o Sol deu-lhes de presente ao se esconder atrás de um edifício, lá do outro lado da rua.
A certa altura, a luz já indo, a Lua já subindo, ele ao lado dela, ouvindo ambos uma singela melodia mecânica, ela diz:

- Você é doido. Com a voz suave. E fecha os olhos com bastante força, em sinal transbordante de afeto.

E ele:

- São seus olhos. Com a voz pigarreada e vascilante. E fecha os seus bem lentamente, em sinal transbordante de paz.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Colaboração alheia

Estavamos comemorando o aniversário de uma amiga na casa do namorado dela. Cerveja na mesa, noite fria, luz elétrica propositalmente ausente, luz de velas fornecendo o charme necessário, assuntos variados, refrigerante, música pesada, e boa, tira-gosto, baralho, e assim por diante. A certa altura do campeonato, aquele cara, o que chegou meio atrazado, disse, com uma cara que você tinha que estar lá pra ver:

- As três melhores coisas do mundo são: cagar fumando, mijar peidando, e meter beijando.

Excitante.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Paraíso em 10x sem juros e sem entrada... e no carnê!

A inspiração, na verdade um ponta-pé, para este registro contou com a ajuda de uma elegante jovem de calebos lisos, cintura e lábios finos, e nariz charmosamente expressivo, durante uma agradável - como sempre - conversa ao telefone.



Na hipótese, trabalhada em dupla - eu e a elegante jovem acima mencionada -, ao morrermos, Deus, em suas infinitas misericórdia, sabedoria, graça, amor e compaixão, vendo-nos aproximar Dele, para ouvirmos a sentença final, cabal, letal e fatal, para ser cumprida por toooda a aternidade, diria com sua voz medonha:



- Filhos, vocês não deixaram de acreditar em mim somente por não crer, foi por Amor. Amor à humanidade, aos semelhantes de vós. Eu sei. Eu vi. Estava lá quando vocês choraram na agonia de constatarem que estavam sós, apenas consigo mesmos, acompanhados dos tão limitados humanos, minha única obra mal feita. E chorei com vocês. Estão perdoados, meus filhos. Bem vindos ao Reino Vegetal, digo, ao Reino de Deus. Esperem na fila para registrarem suas digitais, pois somente assim vocês poderão recarregar seus copos na máquina de Coca-Cola que, é bom lembrar, está sempre super gelada.



E continuaria:



-Aqui, vocês não terão que se preocupar com contas, prestação de serviços, impostos, horário, saúde, banho, estética, sociedade, jogo de conquista, taxa cambial, males do cigarro, falta de dinheiro, unha encravada, violência, falta de tempo, corrupção, descaso do governo, gente imbecil, falta de filme para fotografar, supermercado, internet cortada por falta de palamento, dengue, FGTS, saudade, cobrança, lassidão, ônibus lotado, fome, poeira, enfim, nada. Vocês apenas ficarão aqui, comigo, em estado de graça, bebendo Coca-Cola, vendo os filmes que quiserem, lendo o que quiserem, com maconha disponível - e sem pesinho hipócrita na consciência de saber que estão ajudando a fazer girar a roda do crime organizado -, conversando apenas com quem vocês quiserem, perto de quem vocês mais amam, transando com quem vocês quiserem, fazendo as bandas voltarem às formações que vocês gostam para tocarem totalmente de graça - e ainda fumar maconha com eles depois do show. É isso. Bom né? Entrem. Peguem as chaves dos seus aposentos na recepção e digam o que mais gostam de comer, para que possamos incluir no cardápio. Mais tarde dou uma passada lá pra ver como vocês estão se adaptando à eternidade.



E entrariamos felizes, aliviados de termos escapados das garras do inferno e de Lúcifer, o malvado, o tranca rua, o coisa ruim, Satã, o mentiroso, o traidor, o "o".



Viajei em demasia. Perdão.

sábado, 10 de maio de 2008

Daquelas da Taciara

"Aqueles homens unidos pelo amor da cueca... sofrida... e quente."

Coisas dos repentes de uma mente excêntrica. Normal em nossos dias por aqui.
É sempre assim. E é muito gostoso.

domingo, 27 de abril de 2008

Mais um plágio

Queremos saber
Gilberto Gil

Queremos saber
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
E suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes, dos sertões

Queremos saber
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos de fato um relato
Retrato mais sério
Do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente e sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do Senhor

Queremos saber
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário
Prever qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer

Queremos saber
Queremos saber
Todos queremos saber

Palavras minhas:

Essa música, porta-voz do mistério de ser esse ser social que somos nós, foi composta pelo Gil em 1976. Tem um tempinho já, mas essa é daquelas músicas eternas que, além de serem eternas, quando ouvimos, pensamos: "- Gostaria de ter feito essa música".
Infelizmente não é qualquer um que nasce genial como o Gil.
Falando em Gil, ele veio aqui em casa hoje, mas eu tinha muita coisa pra estudar, então ele ficou pouco tempo e foi embora.
Você também pode encontrar "Queremos saber" na voz da Cássia, a Eller. Quando ela foi gravar essa música, me ligou. Dei umas dicas pra ela, e a interpretação ficou do balacobaco.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Saudade

E é sempre assim.
Vou pra casa, fico com a família. Conversamos muito, nos atualisamos, matamos a saudade, rimos, brigamos, comemos...
Quando volto, me sinto melhor, uma espécie de renovação. Eles são importantes pra mim. Muito. Sempre.
Então, quando me pego pensando, estou pensando em minha irmã, Jéssica.




Baixinha, brava, sem educação, preguiçosa, carinhosa. Toca violão como ninguém. Na verdade ela ainda está aprendendo, mas dentro de mim, o som que ela faz - com aquelas mãozinhas pequenas, dedos de unhas roídas -, é o melhor que já ouvi.

Ela ainda não sabe o que vai ser quando crescer, mas será. Sei.

Enfim, estas palavras de agora são apenas uma pífia homenagem àquela que me faz pensar na vida, antes de o sono chegar.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cotidiano

Durante a semana temos:

Despertador
Banho
Roupa
Ônibus
Elevador
Café
Trabalho
Café
Trabalho
Café
Elevador
Ônibus
Faculdade
Café
Aula
Café
Aula
Ônibus
Casa
Comida
Banho
Cama
Despertador...

Nos fins de semana é possível encontrar também:

Fotografia
Livro, ou mais de um
Chinelo
Café
Amigos. Não que eles não estejam durante a semana, mas é difícil encontrá-los, mesmo morando com alguns deles
Periódicos (jornais, revistas)
Discussões a respeito de nossa fatídica condição humana
Cerveja
Espanhol
Música. Da boa
Pequenas crises de curta duração, inerentes aos homens
Boteco, ou mais de um
Tempo pra sentir saudade
Café

Desta vez, a ilustração fica a cargo da primeira parte da música "Construção", composta em 1971 pelo meu verdadeiro pai - como já disse Cássia Eller -, Chico Buarque:

"Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego"

Absurdamente pertinente.

P.S.: "Cotidiano", também do Chico, seria uma boa opção, mas no momento não conto com ninguém que toda noite me diga pra eu não me afastar, que à meia-noite me jure eterno amor, que me aperte pra eu quase sufocar, que me morda com a boca de pavor.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Paixões platônicas


Estou lendo Rumo à Estação Finlândia, do historiador americano Edmund Wilson.

Como historiador, Wilson parece ter vivido tudo o que relata. Tem uma força narrativa muito grande, contempladora.


Estou mais apaixonado, e agora com conhecimento de causa bem maior, por Karl Marx. Ele foi realmente uma homem, carne e sangue. Tinha defeitos muito bem relatados por Wilson. Mas também tinha a força, a vitalidade, a brutalidade. Soube entender o que estava acontecendo com o mundo naqueles dias.


Wilson também me fez entender que Engels não é a sombra do parceiro, mas um grande pensador, de leveza, harmonia e humor.


Assim estou prosseguindo a leitura, tendo cada vez mais certeza de que somos todos iguais, e que portanto, merecemos as mesmas coisas.

Clichê não é muito bom, mas as vezes, é inescapável.