Um tanto atrapalhada, não renovou a validade dos documentos de seu carro nem de sua habilitação, e assim conduzia pela cidade "sem mais aquela", a lá Chico Buarque. Até que um belo dia, dirigindo de volta para casa depois de um contestador dia de trabalho e investigações políticas - já rotineiras para ela -, se deparou com uma inescapável blitz, não a banda, uma barreira policial mesmo, instalada temporária e surpreendentemente na rua em que ela sempre passava.
O policial que a parou pediu que ela mostrasse seus documentos e os do carro. Ela pegou-os, devagar, meio vacilante, e entregou-os ao fardado. Ele examinou os papeizinhos (papelzinhos?) coloridos, se afastou, falou com um colega, voltou ao carro e disse a ela:
-- Minha senhora, saia do carro por favor, temos que conversar.
Meia hora depois, estavam todos os policias que trabalhavam na barreira daquele dia sentados no meio-fio, com os braços cruzados por cima de seus joelhos, olhando para ela, atentos, surpresos, e um tanto confusos com o que ela, de pé, no meio da rua, falava em alto e bom som, com sua voz rouca de fumante veterana.
Ela os ensinava o marxismo, a luta de classes, o veneno do neoliberalismo, o ódio aos Estados Unidos da América, a exploração na qual estavam submetidos, a alienação que dominava suas mentes até aquele momento.
Ela falou muito, respondeu a todas as perguntas de seus interlocutores, fumou, pediu café alguma vezes e se foi.
Chegou em casa sem ter multa alguma para pagar.
Um comentário:
Nossa Marcellus, não acredito que a D. Denubes escapou dessa 'em nome de Marx' assahushuaahuas
Sérião mesmo?
Raxei aqui :D
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