sábado, 27 de outubro de 2007

Outras Musas


Todos os dias da semana eu as encontro, sempre na mesma sala de aula, no mesmo laboratório de redação. Às vezes irritadas, como toda mulher, outras vezes gentis, como toda mulher, mas sempre graciosas da maneira de cada uma, como toda mulher.

Poliana é sempre muito séria, espírito corporativista. Temente a Deus, diz ter com Ele uma relação íntima. É elegante à sua maneira. Nunca usa decotes ou roupas mais voluptuosas. Direta e marcante, tem uma voz de seda. Já deu vida à Pollyanna no teatro, é atriz também. Multi talentos.

Letícia conheço pouco. Dona de longas madeixas escuras, tem o ar das autoritárias e a voz das boas fumantes, apesar de não fumar.

Bárbara é ruiva, artificialmente, mas isso não importa. Tem uma voz doce, conversa amigável. Discreta e observadora. Algumas vezes parece cansaça, com vontade de deixar tudo pra trás. Sempre gentil.

Arieny tem a meiguice das bonecas de porcelana que quase nunca encontro. Se veste e se porta como uma delas. É gentil e engraçada a sua maneira. Tem sempre uma imagem bem zelada.

Ingred anda a passos largos, rápidos e precisos, fazendo soar por onde ela passa o barulho do impacto de seus saltos altos com o chão, que só pode mesmo assistí-la passear por ele sem nunca olhá-lo, pois ela tem os olhos sempre postos à frente, ligeiramente para cima. Esses mesmo olhos altivos também se encolhem para rapidamente fitar os objetos de sua crítica observação. Fala alto, como aquelas que fazem questão de se impor.

Jordana é inconvenientemente engraçada, porém nunca coletivamente. Faz charme com freqüência. Gosta de rir e o faz com muito prazer. Conversa fácil e agradavelmente. Nunca me meu uma carona pra casa.

Sara é curta, apesar de ter boa estatura. Crítica e severa, nunca deixa passar uma boa oportunidade de fazer um comentário mais ácido. Não gosta muito opulência, prefere as coisas mais sinceramente simples.

Denise tem as melenas mais suaves do recinto. É gentil também. Preversa a cintura, por isso não abusa das calças de cintura baixa. Fala pouco, apenas o necessário. também não ri tanto quanto poderia. É discreta, e bela por isso.

Alinny é a proprietária de uma gargalhada que se faz ouvir de longe e de compridos cachos loiros que ela insiste em deixar presos, privando os olhos alheios de admirarem uma paisagem escondida, por não querer assumir a beleza que ainda não descobriu: a própria. Dirige lindamente, como quem está sempre muito atarefado.

Thaísa tem aroma de paz. Fala pouco e baixo, o suficiente para ser ouvida. É sem dúvida uma agradável companhia em qualquer tipo de mesa. Muitas vezes veste peças simples, tranqüilas, confortáveis e por isso sinceras.

Edlaine ri muito facilmente, basta olhá-lá. É atenciosa com as pessoas e amigável. Tem ar de melindrosa, mas não o é, mas sim muito solícita e prestativa.

Aline é a pequena notável delas. Sempre muito educada e cuidadosa, mistura muito de mulher e muito de criança, o que dá a ela um carisma estonteante. Fala em umas como mulher, competente, severa e intimidadora, e em outras como uma menina, que quer apenas que você diga a ela onde está escondido o pote de doces.

Enfim a minha preferida, Suindara, a instável e misteriosa coruja de mal agoro. Uma mulher de um charme próprio daquelas que frequentam casinos e cabarés. Tem as mais belas pernas desse condado, e sabe usá-las muito bem. É recatada, nunca fala um bom palavrão. É branca, como as inimigas do sol, como as vampiras amantes de Drácula. Alta, bem educada e impessoal, é a mais européia de todas as brasileiras que conheço.

São essas algumas das personagens de um pedaço da história de minha vida, que escrevo com a ajuda delas, mesmo que elas não saibam disso.

São mulheres, e merecem todo o meu respeito e admiração, por serem assim, tão belas, encantadoras, fortes, mulheres.

Um comentário:

Lady Sepulcro disse...

puta q pariu, marcellus!!! esse post ficou do caralho.