sábado, 15 de setembro de 2007

Sangue Gay

A doação de sangue é um serviço voluntário que qualquer pessoa que tenha entre 18 e 65 anos de idade, pese no mínimo 50 quilos e que esteja saudável, pode prestar à sociedade. Porém, se você for doar sangue, passará por uma entrevista, na qual te perguntarão, dentre muitas outras coisas, se você mantém, ou manteve - não importa há quanto tempo, se foi com proteção ou não - relação sexual com pessoas do mesmo sexo. Se a resposta for positiva, o possível doador está excluído dos considerados aptos à doação.

Existe algo de errado com o sangue dos seres humanos que se atraem sexualmente por pessoas do mesmo sexo? De acordo com a portaria 1.376/93 do Ministério da Saúde, tem sim algo de errado com o sangue gay. Essa portaria proibiu indivíduos que já tiveram sexo com pessoas do mesmo sexo de doarem sangue. Mesmo que o gay ou a lésbica comprove que não está contaminado por nenhuma doença transmissível através do sangue, que alegue união estável e que não seja usuário de drogas ilícitas, está proibido de realizar a doação.


Na década de 1980, 70% da população mundial contaminada pelo vírus HIV era homossexual, na época em que a Aids foi apelidada de "peste gay" ou "câncer gay". Mas hoje são as mulheres casadas heterossexuais as mais contaminadas: 60% dos casos no Brasil, 47,3% no mundo. No entanto, elas não são consideradas inaptas a doar sangue. Se a portaria excludente e preconceituosa acima citada fosse atualizada, deveria excluir também do grupo dos doadores em potencial as mulheres e os homens heterossexuais casados, já que os casos de contaminação pelo HIV estão aumentando nesses indivíduos.

Atualmente, atender as normas técnicas exigidas pelo Ministério da Saúde para doar sangue não basta, é necessário ser heterossexual, ou pelo menos dizer que é, como muitos homossexuais fazem na hora de realizar a doação. Eles preferem mentir sobre sua sexualidade na entrevista que antecede a doação do que ficar sem ajudar quem precisa de sangue. Um constrangimento desnecessário, e prejudicial tanto pra quem quer ajudar, como pra quem precisa da ajuda. Muitos homossexuais desistem de doar sangue depois de sofrer preconceito até no momento que vão ajudar alguém. E não doam sangue nunca mais.


Os gays não representam o maior grupo dos portadores da Aids, e isso está mais que comprovado. Estamos no século XXI, terceiro milênio, na modernidade para uns, na pós-modernidade para outros. Conseguimos superaquecer um planeta, mudar seu clima e extinguir algumas espécies de seus animais, mas ainda assim, pelo simples motivo de uma mulher ou homem ser homossexual, está impedido pela lei de doar seu sangue, tão vermelho quanto os outros.


Quem faz acupuntura também está incluído no que chamam de grupo de risco. Quem faz as unhas na manicura, não. Onde está a diferença? O risco de se contrair Aids é o mesmo, seja por uma agulha que colocam no seu ventre para ajudar sua digestão, seja por um alicate com o qual tiraram a sua cutícula.


Agora nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), juntamente com seus acólitos anônimos, anunciou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Saúde. Será que não dá para rever absurdos tão boçais quanto esse e outros, como por exemplo, um cidadão não poder fazer um exame médico em uma unidade que não seja a mesma onde o pedido foi solicitado, do mesmo Sistema "Único" de Saúde? São absurdos que só fazem a saúde andar pra trás, o país jogar dinheiro pela janela e gente morrer na fila de espera por um atendimento que seja no mínimo decente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Put´s, isso tá com cara de medida sanitária, da época do nazismo na Alemanha.

Talvez fosse (aliás, já passou da hora!), desse conceito homfóbico ser revisto, afinal, a própria história condena os fatos.

Veja bem, quando a tuberculose virou epidemia no Brasil, a doença e os contaminados, foram taxados de bohemios e libertinos, pelo governo e pela sociedade. Muito tempo depois, chegou-se a conclusão que tais afirmações eram equivocadas.

Assim, fica claro que mesmo em pleno século XXI, ainda vivemos em uma sociedade em que as pessoas são julgadas pela sua opção sexual, e não por seu caráter.

Aí, os membros da sociedade "padrão", aqueles que resolvem casar, ter uma família linda e perfeita dentro das "normas", são considerados o modelo alfa de saúde e comportamento. Não sejamos tolos e infantis, pergunte-se:"QUANTOS HOMENS E MULHERES CASADOS (AS), VOCÊ SABE QUE DÃO UMA PULADINHA DE CERCA?". Tá vendo só, nem precisou fazer força pra pensar em nomes né? E é lógico que eu, você e muita gente conhecemos casais hetéros e que são pessoas de caráter e fiéis. Afinal, o mundo não é do jeito que a pessoa que criou essa norma pensa.

Eu no entanto, conheço casais de lésbicas e gays, que são extremamente fiéis uns com os outros, e na minha opinião, homosexualismo não tem nada a ver com promiscuidade.

Talvez algumas pessoas que se encaixem "padrão" de doação, não tenham culhões pra sair do guarda-roupas na hora de doar sangue.

SERÁ?


Oswaldo Cornetti.

Marcellus Araújo disse...

O autor-dono do blog diz: -Oswaldo Cornetti, muito obrigado pelo comentário.

Volte mais vezes a este espaço virtual de expressão social egoísta.

Será um prazer ter seus comentários e críticas aos textos que aqui eu publicar.

Respondendo sua pergunta: - Sim, tem gente que mente a respeito da sexualidade pra poder fazer um bem social.

The Drunken Scientist disse...

Não sabia dessa lei... ridículo, porém nada mais normal no nosso país de piada, né?
Quem reina por aqui é uma tal de Burocracia.
Ela faz todos os aspectos de todas as áreas andarem para trás.
Outro dia me assaltam. Fui no SPC com a guria com quem eu ficava para registrar roubo da minha carteira de motorista.
Só que eu já havia encomendado carteira nova e no outro dia eu voltei no SPC com minha guria para registrar minha nova carteira (para ser aceita).
A moça disse que sem minha identidade ela não poderia fazer isto para mim. Após uns 3min de eu perguntar "sério isso?" e de achar aquilo um absurdo, a moça abriu uma excessão totalmente cabível mas que certamente a custaria o emprego: Ela disse que lembrava de mim e de minha namorada, que ela que tinha me atendido no dia anterior e que ia realizar o processo para mim mesmo não sendo assim que se faz.
Detalhe: Eu tenho 1,90m e um cabelão crespo que não tem como não reconhecer e a guria com que eu estava é baixinha, branca que só vendo e com um cabelão bem vermelho.
Momentos como este são raros... no geral é "viva a burRocracia!"