terça-feira, 25 de setembro de 2007

Coletivo do Pagão

Todo sábado eu vou de ônibus lotado para a faculdade, às sete horas da manhã. Estava no terminal Praça A, na espera de uma das três conduções que tenho que pegar para chegar ao meu recanto de sabedoria acadêmica, quando chegou um grupo de homens muito bem vestidos, portando suas armas, como eles costumam chamar a Bíblia Sagrada, e alguns instrumentos musicais. Os homens de Deus pararam bem atrás de mim e dos companheiros que esperavam o mesmo ‘busão’ que o meu, começaram a cantar um pagodinho gospel e quando o jingle terminou, um dos missionários começou a pregar. O problema é que ele estava gritando tanto que não consegui ouvir perfeitamente o rock que tocava em meu CD player. Mas quanto mais as pessoas do terminal faziam cara de desgosto e não davam atenção para o obstinado e gritante pregador, mais ele gritava.
Essa forma tão invasiva e até grotesca de pregar Deus apenas cria repúdio nos que presenciam esse tipo de "louvor", pelo menos é o que acontece com todo mundo que eu conheço. O bom, porém exagerado, homem do terminal quase voava no pescoço de quem não o assistia, querendo obrigá-los a dar-lhe a atenção.
Pelo que me consta, cada um tem o direito de crer naquilo que julga ser o melhor para si mesmo. Acontece que alguns religiosos e alguns ateístas tentam, de todas as formas possíveis e imagináveis, enfiar na cabeça alheia aquilo que acreditam, pois não aceitam que alguém não acredite naquilo que para eles é tão lógico. É como você ler a Bíblia para um usuário de droga que está sob efeito de alguma substância entorpecente. Ele não vai nem saber quem é Jesus, muito menos que alguém um dia colocou um casal de cada espécie de animal dentro de um barco e zarpou rumo à Disney. O respeito passa longe dos fanáticos. Eles não conseguem admitir o seu contrário, aquele que não pense da mesma forma que ele.
Coisas assim acontecem em muitos lugares. Uma vez ouvi na sala de aula, uma linda moça dizer que não acreditava que as traduções não tenham mudado em nada o sentido do que está escrito na Bíblia. Ora, acreditar, no que quer que seja não impede as pessoas de pensarem com o mínimo de clareza. Se Deus tudo sabe e tudo vê, ele sabe muito bem que traduções mudam mesmo sem querer o sentido das palavras. O pior cego realmente é aquele que quer continuar a não ver nada. Só se converte quem quer ser convertido. Pregar algo para alguém que não está a fim de ouvir pode fazer o tiro sair pela culatra.
Outro dia atendi uma senhora que batia na minha porta. Ela estava com a tal Bíblia na mão e me perguntou se eu tinha religião. Um pouco constrangido respondi que era ateu, para não ficar perdendo tempo dizendo que era agnóstico, que não acreditava em Deus, porém não desacreditava completamente em qualquer coisa que possa existir. Ela poderia ter esboçado qualquer reação mais educada e respeitosa, mas em vez disso, me olhou de cima a baixo, fez cara de espanto e perguntou: “Mas mesmo sendo ateu, você acredita em alguma coisa não é? Quem pode ter criado tudo isso que está a sua volta?” Então eu disse que pensava um pouco diferente dela. A mulher mais que rapidamente se despediu e foi bater na porta do meu vizinho.
Principalmente no caso dos protestantes, os conhecidos crentes, ou evangélicos - como se o resto dos cristãos não acreditassem em Deus nem fossem evangelizados -, o que mais me impressiona é como muitos, não todos, olham de maneira diferente para quem não é da mesma religião que a deles. Outro dia ouvi mais uma moça “evangélica” dizer: “minha mãe não é de Deus, lá em casa sou só eu”. Será que ela é melhor que a mãe apenas pelo fato de a coitada não ser da mesma igreja que a filha iluminada?
Se por um lado o Bush continua querendo fazer o Oriente Médio ficar do jeito que ele quer, por aqui e em outros cantos os religiosos fanáticos também querem fazer o mesmo com os “descrentes”.

sábado, 15 de setembro de 2007

20 anos de Carreira

Muito bem, hoje é o dia de completar, involuntariamente, 20 anos de carreira.
Nasci em 1987, em um mesmo dia 15 de setembro, mas naquele ano fazia menos calor e a internet não era algo que sequer sonhavamos em ter.
Agora estou fazendo 20 anos.

Como é incrível olhar para tras e ver tanto, olhar para frente e ver muito mais. Tenho medo desse futuro que não posso tocar.

O mundo mudou muito desde o dia em que nasci até hoje. Temos internet, as comidas congeladas se diversificaram muito mais, aquecemos muito mais o planeta, temos carros bi-combustíveis, meus pais se separaram, eu ganhei uma nova irmãzinha, minha avó morreu, meu avô também, saí da casa dos pais para morar com amigos e fazer Jornalismo!, o muro caiu, o Cazuza morreu, a Dercy ainda não.

Espero que o mundo possa continuar em pé para me ver fazer 40, 80, 160...

Não tenho um carro, mas tenho uma família, não tenho o melhor emprego, mas tenho amigos muito especiais, não estou rico, mas aprendi tanto que nem sei.

Não pedi pra nascer, mas estou aqui. Gosto. Permaneço. Admiro.

Sangue Gay

A doação de sangue é um serviço voluntário que qualquer pessoa que tenha entre 18 e 65 anos de idade, pese no mínimo 50 quilos e que esteja saudável, pode prestar à sociedade. Porém, se você for doar sangue, passará por uma entrevista, na qual te perguntarão, dentre muitas outras coisas, se você mantém, ou manteve - não importa há quanto tempo, se foi com proteção ou não - relação sexual com pessoas do mesmo sexo. Se a resposta for positiva, o possível doador está excluído dos considerados aptos à doação.

Existe algo de errado com o sangue dos seres humanos que se atraem sexualmente por pessoas do mesmo sexo? De acordo com a portaria 1.376/93 do Ministério da Saúde, tem sim algo de errado com o sangue gay. Essa portaria proibiu indivíduos que já tiveram sexo com pessoas do mesmo sexo de doarem sangue. Mesmo que o gay ou a lésbica comprove que não está contaminado por nenhuma doença transmissível através do sangue, que alegue união estável e que não seja usuário de drogas ilícitas, está proibido de realizar a doação.


Na década de 1980, 70% da população mundial contaminada pelo vírus HIV era homossexual, na época em que a Aids foi apelidada de "peste gay" ou "câncer gay". Mas hoje são as mulheres casadas heterossexuais as mais contaminadas: 60% dos casos no Brasil, 47,3% no mundo. No entanto, elas não são consideradas inaptas a doar sangue. Se a portaria excludente e preconceituosa acima citada fosse atualizada, deveria excluir também do grupo dos doadores em potencial as mulheres e os homens heterossexuais casados, já que os casos de contaminação pelo HIV estão aumentando nesses indivíduos.

Atualmente, atender as normas técnicas exigidas pelo Ministério da Saúde para doar sangue não basta, é necessário ser heterossexual, ou pelo menos dizer que é, como muitos homossexuais fazem na hora de realizar a doação. Eles preferem mentir sobre sua sexualidade na entrevista que antecede a doação do que ficar sem ajudar quem precisa de sangue. Um constrangimento desnecessário, e prejudicial tanto pra quem quer ajudar, como pra quem precisa da ajuda. Muitos homossexuais desistem de doar sangue depois de sofrer preconceito até no momento que vão ajudar alguém. E não doam sangue nunca mais.


Os gays não representam o maior grupo dos portadores da Aids, e isso está mais que comprovado. Estamos no século XXI, terceiro milênio, na modernidade para uns, na pós-modernidade para outros. Conseguimos superaquecer um planeta, mudar seu clima e extinguir algumas espécies de seus animais, mas ainda assim, pelo simples motivo de uma mulher ou homem ser homossexual, está impedido pela lei de doar seu sangue, tão vermelho quanto os outros.


Quem faz acupuntura também está incluído no que chamam de grupo de risco. Quem faz as unhas na manicura, não. Onde está a diferença? O risco de se contrair Aids é o mesmo, seja por uma agulha que colocam no seu ventre para ajudar sua digestão, seja por um alicate com o qual tiraram a sua cutícula.


Agora nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), juntamente com seus acólitos anônimos, anunciou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Saúde. Será que não dá para rever absurdos tão boçais quanto esse e outros, como por exemplo, um cidadão não poder fazer um exame médico em uma unidade que não seja a mesma onde o pedido foi solicitado, do mesmo Sistema "Único" de Saúde? São absurdos que só fazem a saúde andar pra trás, o país jogar dinheiro pela janela e gente morrer na fila de espera por um atendimento que seja no mínimo decente.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

E o Renan?

Será que o Renan está rindo da nossa cara agora?
Muito provavelmente.
Mas ele deve estar rindo também da cara do PSOL todo, do DEM, e de todo mundo que tentou, e está tentando, mostrar para o Conselho de Ética os nojentos crimes de corrupção que ele vem praticando no cargo de presidente do Senado e tirá-lo desse cargo púbico. Público.
Uma amiga - no dia em que ele, o incrível Renan, se viu livre das acusações, digo representações, encaminhadas ao Conselho de Ética - chorou ao ver como é degradante o joguinho político do Brasil, como é nojento o caráter de tantos políticos que deveriam trabalhar apenas pelos interesses da população, como reza o romântico discurso político, mas que ao invés disso, só sabem roubar, e ainda conseguem olhar dentro dos nossos olhos e dizer o contrário do que fazem em seus porões, digo, gabinetes.

Essa crise, como muitos lá em Brasília estão chamando a onda de corrupção, ainda vai continuar, vai virar o caos por exelência. Aí quem sabe acontece alguma coisa que mude os rumos do caráter dos brasileiros de vida pública.

Eu e essa amiga vamos, em protesto, transar no meio da rua. Será que a punição virá rápido pra nós? Claro, nós não somos políticos, não fazemos parte de nenhum time de joguinho político!

Proponho LUTO. A corrupção em cima da corrupção está matando o Brasil.